Homens e Mulheres. Trabalhadores (as) negros (as) que botaram a mão da massa – ao migrar – trouxeram consigo sua cultura na alma, corpo e costumes.
Tão jovem, Palmas expressa diversidade em todos seus poros e polos. Basta andar.
No tocante a cultura afrobrasileira, já é referência nacional na Cultura Hip-Hop. Rappers, Bboys, Bgirls, Batalhas de Rimas nas Estações. Juventude Negra que se impõe, gosta e quer vista como são, do jeito são e que falam.
O Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – vem construindo junto com as Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas , um mapeamento no qual consta a quantidade expressiva de Terreiros em território palmense, de várias nações: umbanda, candomblé, ifá, terecô… É historicamente recente a fundação da Federação das Casas de Culto de Matriz Afrobrasileira – FECCAMTO. Aconteceu no prédio público da antiga Câmara Municipal de Palmas em agosto de 2017, na presença de várias autoridades públicas.
Há em Palmas – por conta da cooperação internacional com a UFT – estudantes africanos de diversos países: Angola, Congo, Guiné – Bissau, só pra citar alguns. Muitos deles e delas, após formados e formadas, tomaram a decisão de permanecer aqui. Além disso, é comum andar na ruas e centros comerciais, esbarrar com um africano no mercado comercializando alguma coisa: tecido, artesanato africano e em geral. Quem nunca ouviu falar na Festa Africana de Palmas?! Organizados, criaram a Associação dos Filhos e Amigos de África – AFAA, com sede nessa cidade.
Mas e a Capoeira?!
Em se tratando da Capoeira – tradicional referência afrocultural – Palmas também não deixa a desejar. Organizados e em constante diálogo com o poder público, os mestres e mestras de Capoeira, em reuniões junto ao IPHAN – no comitê de Salvaguarda e Conselho de Mestres – ressaltam a importância da Capoeira em Palmas e no Tocantins. Além disso, alinham parcerias com Universidades e Institutos Federais e demais núcleos de estudos e pesquisas em Culturas Afrobrasileiras.
Rodas de capoeira em espaço público é uma realidade cultural e política. Como – por exemplo – a Roda Cadê Salomé?! Que acontece presencialmente no estacionamento do Ginásio Ayrton Senna, em Taquaralto. Adaptadas ao contexto da pandemia, a mesma acontece em plataformas online. Recentemente a ideia de lives que entrevistou semanalmente mestres e mestras da cultura tocantinense, os capoeira, teve mais de 20 mil acessos na sua totalidade. Supõem-se que são mais, os dados estão sendo levantados.
Este é um pequeno panorama que a Câmara Setorial de Cultura Afrobrasileira, do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Palmas, traçou para demonstrar à sociedade palmense, o quanto as culturas negras são indissociáveis e indiscutíveis nesses 32 anos de Palmas.
Nesse sentido, merecemos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário maior atenção nos próximos anos, para que possamos – juntos – viver plena e integralmente a nossa cidadania cultural, como preconizam a Constituição Federal e demais legislações correlatas.
É preciso reafirmar: Palmas, 32 anos de manifestações culturais afro-brasileiras e africanas.
Obrigada por nos acolher.
O próximo passo é nos respeitar, não adianta mais fingir que nós não existimos e resistimos.
Deyze dos Anjos
Conselheira Municipal de Cultura Afrobrasileira
Palmas – Tocantins
20 de maio de 2021
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