Plataformas de streaming por assinatura, vídeos curtos, vinis, música, jogos, podcasts e diversidade & inclusão estão entre os tópicos levantados pela Luminate Data
Assim como outros setores, a indústria do entretenimento também está passando por mudanças rápidas em um mundo pós-pandemia. Durante o South by Southwest 2022, Rob Jonas, CEO da Luminate Data, apresentou 10 tendências sobre a essa indústria que definirão neste e os próximos anos. Elas foram definidas a partir de milhares de pontos de dados coletados nos últimos 12 meses, que refletem a mudança dos gostos e hábitos dos consumidores. “Sentar aqui agora para escolher os vencedores e perdedores para os próximos dez anos é incrivelmente difícil”, afirmou o CEO, completando: “na Luminate, usamos dados para dar uma olhada no passado, entender o presente e prever o futuro”.
1. Catálogo versus conteúdo atual
Pela primeira vez de que a plataforma começou a rastrear os dados de streaming, em 2008, os streams de novas músicas diminuíram em volume ano a ano. Segundo Jonas, em 2021, 70% do consumo total de álbuns foi de músicas com data de lançamento há mais de 18 meses. “Eles [novos artistas] estão achando cada vez mais difícil competir com artistas estabelecidos e acessar criativos serviços globais de assinatura”, completou. Essa tendência ganhou força durante a pandemia, na qual as pessoas se voltaram às músicas antigas, muitas vezes apresentadas por meio do TikTok ou outros veículos de descoberta. “Quatro dos cinco principais álbuns de 2021 foram, de fato, produtores de catálogo como as duas das cinco músicas mais consumidas do ano, incluindo os streams do Fleetwood Mac, que tiveram um grande ressurgimento no final de 2020 como resultado de um TikTok viral”, completou o executivo.
2. Catálogo de TV – Como o conteúdo da biblioteca de plataformas de streaming por assinatura está ajudando a acelerar o corte de cabos
Com o aumento acelerado de aplicativos de OTT e streaming, o volume de famílias que passaram a cancelar as TVs por assinatura ou que nunca assinaram triplicou entre 2014 e 2021. “Alguns dos destaques da nossa pesquisa recente mostram que 36% cancelaram a TV por assinatura, 12% nunca assinaram e 6% pretendem cancelar num futuro próximo”, comentou o CEO.
Além do aumento de aplicativos, a própria produção de conteúdo também cresceu. “Vários programas originais criados para serviços de plataforma digital e de streaming mais que dobraram em 2021”, afirmou o executivo. Agora, é quase a mesma quantidade de conteúdo produzido para as redes de transmissão à cabo. Ao mesmo tempo, o número de programas de TV por assinatura caiu 30%. “Essa mudança está pressionando absolutamente as empresas de TV por assinatura, que lutam para manter seus assinantes de valor e que estão recorrendo ao streaming para obter originais exclusivos sob demanda”, reforçou.
3. Escolha versus consolidação
Com a quantidade de opções de streaming, escolher está cada vez mais difícil. “O apetite do consumidor por várias assinaturas só aumentou nos últimos anos”, destacou Jonas. Com isso, há o desafio da aquisição dessa audiência.
“O conteúdo da biblioteca é uma parte extremamente valiosa de qualquer proposta de valor de serviços de streaming, pois os consumidores procuram familiaridade mesmo em meio a um boom recorde na estrutura de produção de TV”, afirmou o CEO, questionando então qual é o próximo passo da consolidação. “Uma coisa é clara, veremos mais consolidações de colaboração combinada, à medida que a necessidade de crescimento de assinantes continua”.
4. TikTok e vídeos curtos
O TikTok, assim como, outras plataformas de vídeos curtos provou ser uma parte essencial do ecossistema de descoberta de música de hoje. “É impossível falar de música e dizer isso sem olhar para os impactos do TikTok e de outras plataformas de consumo de formato curto”. Segundo a análise da Luminate, de 175 músicas que foram tendência no TikTok em 2021 acabaram na Billboard Hot 100. “Isso é mais que o dobro do valor de 2020”, ressaltou o CEO.
5. Guerras de janela
A pandemia acelerou as transições de consumo já esperadas, mas isso se manifestou muito publicamente nos últimos meses no impacto nas janelas de conteúdo. Há cada vez menos filmes indo para o cinema. Segundo Jonas, 30% dos consumidores de filmes pagaram para assistir a um lançamento em casa via VOD. Além disso, 22% falaram que voltariam aos cinemas quando a quantidade de pessoas imunizadas fosse atingida. Porém, 17% não pretendem voltar ao cinema. “Isso sugere que não está relacionado à Covid, mas a uma mudança sistêmica em como aproveitamos o conteúdo”.
6. O boom do vinil
O vinil que está ressurgindo nos últimos anos. “Em 2021, pela primeira vez desde 1991, os LPs de vinil ultrapassaram os CDs para se tornar o formato físico mais vendido, com mais de 50% de crescimento em 2021”, destacou o CEO da Luminate. A pesquisa ainda reforçou que os novos álbuns também estão entrando nessa onda.
Uma das microtendências notáveis do relatório é que as vendas de CDs aumentaram ano após ano pela primeira vez em 17 anos, em grande parte graças a uma versão exclusiva do albúm 30 da Adele, que incluiu três faixas bônus apenas em CD. Apesar disso, o crescimento do consumo de CDs não deve acompanhar o de vinis, que cresceu quase 11 vezes em uma década.
Três fatores estão impulsionando o boom dos vinis. Durante a pandemia, “essas foram uma das únicas maneiras diretas de apoiar os artistas, pagando um preço mais alto pela música quando esses artistas não puderam fazer turnê nos últimos dois anos”, enfatizou o CEO. Além disso, a nova geração está cada vez mais apaixonada pela qualidade do áudio dos vinis. Já o terceiro fator é o uso deles como decoração ou colecionáveis.
7. Hype versus realidade
Por falar em colecionáveis, em 2021 houve a ascensão das NFTs. “Uma pesquisa divulgada neste fim de semana estima que US$ 17 bilhões em NFTs foram negociados em 2021, o que representou um aumento de 21.000% em relação a 2020”, revelou Jonas.
Músicos iniciantes estão usando as NFTs como um instrumento financeiro em vez de um veículo criativo. “As ofertas de NFTs continuarão a evoluir nos próximos anos, com os consumidores usando-os como uma forma de se engajar com os artistas que eles amam. Artistas, criadores e músicos usam NFTs como uma forma de monetizar as audiências mais efetivamente.
Assim como as NFTs, o metaverso também ganhou destaque em 2021, mas ainda é o começo. “A indústria ainda está entendendo como abraçar o metaverso”, destacou o CEO da Luminate.
8. Música + jogos
Nos últimos meses, plataformas iniciantes como Fortnite e Roblox também se tornaram os principais destinos para shows híbridos virtuais de artistas como Travis Scott, Ariana Grande e J Balvin. “A cada semana, estamos vendo mais e mais artistas levando eventos ao vivo para plataformas virtuais, encontrando novos públicos e construindo novas conexões e certamente esperamos que essa tendência continue”, pontuou Jonas.
Por mais que há suposições de que os jogos são para crianças, a geração X foi a original dos games, que cresceu jogando Atari e Nintendo. Atualmente mais de 20% de todos os jogadores dos Estados Unidos têm 55 anos ou mais. “Os jogadores originais da geração X representam cerca de um quarto de todos os jogadores, aproximadamente o mesmo número que a última nova geração de jogadores da geração Z”.
9. Podcasts – A bolha estourou?
“Não há dúvida de que os podcasts continuam sendo um dos formatos de áudio que mais cresceram na última década”, enfatizou o CEO, reforçando que, entretanto, os dias de glória do formato podem estar acabando. “E há tantas plataformas para ouvir podcasts que não há fidelidade à medida que os consumidores alternam de uma para outra”.
10. Diversidade e inclusão: como a pandemia acelerou a representação na frente das câmeras
O relatório da Luminate também mostrou onde houve progresso real em torno da representação de personagens negros, asiáticos e latinos hispânicos nos filmes e programas de TV. Segundo a pesquisa, 60% por cento de todos os filmes durante a pandemia tiveram um protagonista negro, já 42% eram protagonizados por mulheres. Além disso, 31% por cento de todos os filmes durante a pandemia tiveram um papel principal latino/hispânico, e 33% de asiáticos. “De nossa perspectiva, o setor finalmente atendeu à demanda que os consumidores desejam por conteúdo mais representativo. E felizmente o progresso foi feito”, ressaltou Jonas.
Previsões
A companhia também destacou três previsões para os próximos 12 meses: Catálogo, convergência e cadeia.
1. Catálogo: “A participação do catálogo certamente aumentará”, pontuou o CEO. Os eventos virtuais de música consumidos no metaverso e outros formatos online também continuarão ganhando força.
2. Convergência: “Portanto, minha segunda previsão é que muitos de nós nesta sala desfrutarão de pelo menos um evento de música virtual ao vivo ou um evento de música de uma maneira que nunca antes nos próximos 12 meses”, disse.
3. Cadeia ou infraestrutura de cadeia: NFTs continuarão nas manchetes, mas “uma nova geração de três engenheiros da web continuará rearquitetando todo o ecossistema de entretenimento para resolver alguns problemas de longa data”, destacou o CEO. “Essas tecnologias vão gerar mais disrupção na forma como a música e o entretenimento são consumidos hoje”, finalizou.
Fonte: Meio e Mensagem
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