Profissionais e empresários usam criativida para driblar crise da pandemia

Por Ester Dutra

 

Profissionais e empresários do setor de gastronomia estão investindo na criatividade para superar a crise da pandemia, que provocou uma onda de demissões e fechamento de empresas.

Desde os primeiros casos de infecção do novo coronavírus, um dos setores mais impactados é o de serviços de bares e restaurantes. Conforme dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), ocorreram 2.542 demissões no Tocantins e 1.511 em Palmas, o que corresponde a 59,4%, além da extinção de 773 empresas no Estado e 263 na Capital, 34% do total.

Em consequência da crise, profissionais e empresários precisaram se reinventar para sobreviver no mercado. É o caso da Ruth Almeida, chef de cozinha, consultora e pesquisadora da culinária afroindígena. A história de Ruth com a culinária começou em 2017, quando decidiu abrir o seu próprio restaurante, o Raízes Gastronômicas, buscando valorizar a cozinha regional.

Em 2020, em razão da pandemia do novo coronavírus, a empreendedora teve de inovar. Ruth passou a divulgar seu trabalho na internet, utilizou as redes sociais a seu favor e se aventurou até mesmo no mundo do audiovisual: “A pandemia veio e nos deixou sem chão, sem saber o que fazer, até porque o meu trabalho tinha muito contato com pessoas, e uma das primeiras coisas que fecharam foram os bares e restaurantes”, disse.

“Aí foi quando eu tive que me reinventar e começar a fazer projetos. O meu primeiro projeto foi fazer comida afetiva para Universidade da Maturidade (UMA), também gravei trinta receitas e, em dois dias fiz transmissão ao vivo no YouTube, fiz mais cinco horas de programa gravado. Foi um desafio muito grande de pensar em cozinhar e, ao mesmo tempo gravar, fazer receita e olhar para câmera”, completou.

Segundo Ruth Almeida, a maturidade que adquiriu ao realizar os projetos iniciais durante a pandemia, proporcionou a si mesma a imaginação, experiência e ideia de fazer o projeto Sabores e Saberes, com o objeto de levar a culinária para os povos Quilombolas do Parque Estadual do Jalapão. Ela explica que o projeto sempre teve em sua essência a busca pela valorização cultural de cada comunidade: “O apoio das comunidades foi uma das principais chaves para o projeto acontecer. O intuito sempre foi uma troca de Saberes e Sabores, eu entregando os Sabores e as comunidades os Saberes”, explicou.

Além disso, Ruth conta que o projeto surgiu a partir da curiosidade de saber como sobreviviam as comunidades quilombolas do Parque Estadual do Jalapão: “Eu passava em dois, três restaurantes por dia ali, conversando e vendo o que tem dentro da comunidade e quando eu voltei surgiu o edital da Lei Aldir Blanc e aí foi que decidi me inscrever com o projeto Sabores e Saberes, que foi desenvolvido com recursos do auxílio”, finalizou.

Após a confirmação do primeiro caso de covid-19 na Capital, em março de 2020, a prefeitura decretou o fechamento de bares, restaurantes, academias, shoppings e do comércio de forma geral. Essas medidas de fechamento e reabertura do comércio, foram se alternando durante todo o ano.

Os profissionais da alimentação tiveram que se adaptar e seguir rigorosamente as novas orientações sanitárias. Além disso, precisaram se concentrar em inovar e conquistar novos clientes.

É o que fez Laira Braga, administradora de empresas, especialista em gestão de negócios, e que hoje empreende na área de alimentação, com a Sabor a Mesa Congelados. Laira, sempre sonhou em empreender, mas esse desejo aumentou quando teve seu segundo filho, Levi, portador de uma doença genética chamada de Amiotrofia Muscular Espinhal (AME). Os cuidados de saúde com o filho têm um alto custo e foi o que a motivou a abrir a Sabor a Mesa Congelados, em fevereiro de 2020.

Ela conta que nos meses de janeiro, fevereiro e março, antes da pandemia, as vendas foram boas. Mas as incertezas a obrigaram suspender suas atividades: “ Ainda não sabíamos como o vírus se comportava, e por termos uma criança em situação de risco, nos trancamos em casa durante os três primeiros meses de pandemia. Suspendemos a empresa, porque entendemos que naquele momento era primordial cuidar da saúde da nossa família. Em junho, quando percebemos que as coisas começaram a se normalizar um pouco mais, com todas as medidas de segurança, nós retomamos o nosso trabalho”, contou. Em janeiro de 2021, a Sabor a Mesa voltou a produzir normalmente.

Para fomentar as vendas, ela começou a trazer produtos de outro estado e a produzir pão de queijo: “Comecei a trazer produtos de fora, de Anápolis (GO), que possibilitou a produção, por exemplo, do nosso Pão de Queijo do Levi, hoje o carro-chefe da empresa, que começamos a comercializar na pandemia e viralizou de uma maneira incrível, e também permitiu retomar os nossos negócios”, explicou.

Ruth e Laira usaram a criatividade para enfrentar a crise provocada pela pandemia, que antecipou transformações e estimulou empreendedores a inovar em seus negócios. Assim como elas, outros empreendeddores perceberam que o atual momento exige adaptações e mudanças para uma futura nova normalidade, em um cenário de instabilidade como esse, em que precisamos reforçar toda e qualquer medida de proteção.

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