Projeções em prédios da Avenida, nesta sexta, contarão histórias das vítimas. Ação une o projeto Inumeráveis ao duo VJ Suave, e é parte da Virada Sustentável de São Paulo
Ela era apaixonada pelos cantos de seu povo. Ele morava fora da aldeia e era pesquisador. Estes são alguns pequenos fragmentos das histórias de indígenas mortos pela Covid-19 que serão projetadas em fachadas da Avenida Paulista, em São Paulo, nesta sexta-feira. Parceria entre o Memorial Inumeráveis e o duo de artistas VJ Suave, a performance foi batizada de “Konexàw” (“perto”, na língua guajajara). E acontece a partir das 18 horas, durante a 10ª edição da Virada Sustentável de São Paulo.
As histórias das vítimas do coronavírus serão projetadas em português e no idioma original de cada uma delas, a partir de um triciclo, e intercaladas com animações inspiradas nos povos originários. O percurso, de cerca de 900 metros, vai da Japan House até a Gazeta, na Bela Vista, e deve durar 50 minutos.
— Existe um abismo entre indígenas e não indígenas, e a nossa intenção é diminuí-lo. Queremos colocar a história deles em evidência, porque sabemos que a invisibilidade também mata — explica Gabriela Veiga, uma das idealizadoras da performance.
Ao lado de Edson Pavoni, a artista foi responsável por selecionar as biografias que serão projetadas. Como o nome do projeto já diz, as memórias recolhidas pelo Inumeráveis ao longo de seus cinco meses de existência não são contabilizadas, mas Gabriela relata que o memorial já recebeu depoimentos sobre indígenas de 12 povos diferentes. Os que compõem a performance foram escolhidos pela carga cultural e afetiva que carregam.
— Baseamos a curadoria em três pilares: emoção, intelecto e cultura. Uma história fala de uma mulher que acordava de madrugada para cantar e rezar. Outra, de um homem que descobriu um cogumelo bioluminescente na floresta. A gente bebe da cultura desses povos, mas muitas pessoas ainda não prestaram atenção neles — conta Gabriela.
Fonte: O Globo
DEIXE O SEU COMENTÁRIO