Consta na decisão que as investigações iniciaram a partir da ampla cobertura da imprensa nacional, particularmente pela Rede Globo, sobre o que se denominou de Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, com o objetivo de investigar a exploração de máquinas caça-níqueis, jogos de azar e outros crimes praticados no Estado de Goiás por integrantes da organização criminosa comandada pelo empresário Carlinhos Cachoeira, com o envolvimento da empresa Delta Construções.
Segundo o documento, durante a operação, a PF apreendeu na casa de uma pessoa ligada a Carlinhos Cachoeira, duas mídias contendo a descrição Raulzinho1 e Raulzinho2. O material é de 2004 e foi gravado durante a campanha que elegeu, pela primeira vez, Raul Filho para a prefeitura da capital.
Nos vídeos, Raul aparece negociando com Carlinhos Cachoeira com o objetivo de captar apoio e recursos financeiros inicialmente para sua campanha eleitoral a prefeito do município de Palmas. Na conversa, os dois falam sobre favorecimentos pessoais a custa dos recursos públicos de Palmas, por meio de contratação de serviços públicos com dispensa de licitação e outras fraudes. Conforme a decisão, a organização criminosa teve o envolvimento de servidores públicos.
“Diante do contexto, salta os olhos a vontade dos denunciados praticarem ilícitos penais em detrimento do erário do município de Palmas, bem como o procedimento que se valeriam para o recebimento das “propinas” e os serviços públicos mais lucrativos a serem concedidos a empresa Delta Construção, comandada, de forma pública e notória, pela Organização Criminosa de “Carlinhos Cachoeira”, diz a decisão.
Segundo os fatos apurados, para entrar no esquema, Carlinhos contribuiria com R$ 150 mil e com um show apresentado por cantores de renome nacional, para finalizar a campanha eleitoral do ano de 2005/2008. As investigações apontam ainda que durante os mandatos, foram inúmeros depósitos realizados pela associação comandada por Cachoeira.
Conforme a decisão, foi apurado que competia à Solange Duailibe a função de reunir “pessoas conhecidas, humildes e de pouco estudo, ou seja, ‘laranjas’, para abrirem contas bancárias para recebimento das propinas provenientes da organização criminosa de Carlinhos Cachoeira, referentes aos favorecimentos nas milionárias licitações dos serviços públicos de Palmas”.
Consta ainda que ficou comprovado nas investigações que, durante os dois mandados de Raul Filho – entre 2005 e 2008 e entre 2009 e 2012 – o ex-gestor beneficiou de forma ilícita a empresa Delta Construções em milionários contratos municipais de serviços de limpeza urbana e coleta de lixo, os quais somaram o de total de R$ 116.980.831,79 (cento e dezesseis milhões, novecentos e oitenta mil, oitocentos e trinta e um reais, setenta e nove centavos).
Segundo a Justiça, o relatório de análise elaborado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público Estadual, demonstrou que a evolução patrimonial de Raul Filho e Solange Duailibe “teve anormal e exorbitante elevação”. A decisão cita ainda algumas das aquisições do casal neste período, como uma cota no valor superior a R$ 3,2 milhões da Fazenda Varjão, no município de Santana do Araguaia (PA).
Faz menção ainda, a aquisição milionária de uma propriedade rural, em agosto de 2012, localizada em Santana do Araguaia, no valor superior a R$ 7,1 milhões.
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