À Beira do Araguaia, de Francisco Neto Pereira Pinto, é uma obra que imerge nas tradições e transformações de uma família ribeirinha à margem de um dos maiores rios do Brasil, o Araguaia. O livro é composto por 14 contos que formam um mosaico da vida e da cultura dos ribeirinhos, intercalando elementos da natureza e da vivência familiar, com ênfase em questões ambientais, sociais e culturais da região Norte do Brasil.
A obra não segue uma linha cronológica definida, mas apresenta episódios que exploram o cotidiano de personagens como Ana e Pedro, pais que enfrentam as dificuldades da vida ribeirinha, e seus filhos, Eve e Téo, cujas experiências abordam temas contemporâneos como gênero, educação e os dilemas da juventude. Os animais da família, como os gatos Calíope e Dom, também desempenham um papel simbólico importante, representando as relações entre humanos e animais em um contexto rural e familiar.
Através de uma escrita poética, regionalista e experimental, o autor não só resgata as memórias de sua própria infância, mas também chama a atenção para os impactos da degradação ambiental, como o desaparecimento de culturas tradicionais e o secamento do rio Araguaia, afetando diretamente a vida dos ribeirinhos. O livro também toca em temas como a perda, o luto e as dificuldades de adaptação das gerações mais novas aos desafios impostos pela modernidade.
Além de seu conteúdo literário, À Beira do Araguaia também se destaca pelas ilustrações de John Oliveira, que complementam a obra com pinturas em acrílico, ampliando a experiência estética e sensorial do leitor. A obra é um convite para refletirmos sobre as complexas relações entre o ser humano e o meio ambiente, bem como sobre as mudanças culturais e sociais no Brasil contemporâneo.
Francisco Neto Pereira Pinto, autor e psicanalista, utiliza sua formação acadêmica e suas experiências pessoais para criar uma narrativa rica e sensível sobre as relações familiares, a luta pela sobrevivência e as transformações de um povo diante da adversidade. Em suas palavras, o livro é uma forma de preservar uma cultura que está em processo de desaparecimento, devido à crescente degradação ambiental e à mudança nas formas de vida das populações ribeirinhas.
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