O ciclo de oficinas “Salvaguardas e Direitos dos Povos Indígenas” ultrapassou o território tocantinense e desembarcou junto com a delegação do Tocantins na III Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília, que acontece até a próxima quarta, 13, no gramado da Funart ( Fundação Nacional de Arte). Na segunda-feira, 11, a programação das mulheres representantes dos povos Krahô, Krahô-Kanela, Karajá, Javaé, Apinajé e Xerente, participantes da Marcha, seus companheiros e de outros interessados foi entender um pouco sobre a temática do sequestro de carbono, sobre a importância de manter a floresta viva, o que é o REDD+, e os direitos dos povos indígenas em relação a projetos que sobrepõe seus territórios.
O Instituto Puro Cerrado realizou a oficina que é fruto da iniciativa do próprio movimento indígena, a partir da parceria entre o Instituto Indígena do Tocantins (Indtins) e a Fundação Amazônia Sustentável (Fas), com o apoio do Governo do Estado, através da Secretaria dos Povos Originários e da Funai (Fundação Nacional do Índio).
Em um momento ímpar de integração e trocas de informações, foi apresentado aos participantes uma versão sucinta da oficina que está percorrendo as aldeias do Estado. Conforme o presidente do Indtins, Paulo André Ixati Karajá, a proposta de levar a oficina até a Marcha foi introduzir o assunto, que é complexo, nas temáticas de discussões dos participantes da marcha, sendo a maioria mulheres. “O movimento indígena precisa fortalecer e entender esses novos modelos de projetos que estão chegando até nós. Nosso estado sempre foi isolado em muitos espaços do movimento nacional, e nós queremos trazer esse protagonismo do Tocantins”, enfatizou.
Rita Batista Kanela Pukanam, 65 anos, era uma dessas mulheres presentes. Acompanhando tudo atentamente, ela contou que participa da Marcha pela primeira vez e se empolgou com a possibilidade de encontrar os parentes e conversar, “já que gosto de todo povo quero entender tudo que acontece”.
Integração
A oficina contou também com intervenções dos presentes sobre questões das comunidades, tradições, questionamentos e demandas pontuais. O cacique Dorivaldo Ixati Javaé, da Aldeia Motxi, na Ilha do Bananal, levou a esposa e a filha pela primeira vez à Marcha para mostrar o que é o movimento. “Para elas entender tudo o que acontece nesta oficina. É por isso que estou aqui, para que elas possam entender como funciona nossa luta, nosso movimento”, disse.
A jovem Eiru Javaé, de 22 anos, já está familiarizada com a posição de liderança do pai cacique, e tomou a palavra durante a oficina convocando os jovens indígenas a também participarem desses momentos de aprendizado e decisões.
Oficinas
A jornalista, especialista em captação de recursos do Instituto Puro Cerrado, Andrea Lopes, explicou que o ciclo de palestra seguirá para atender as aldeias tocantinenses levando de forma clara as informações sobre o REDD+. Na opinião da oficineira, a experiência da realização da oficina na Marcha foi produtiva por incluir a temática nas discussões do movimento indígena e também para agregar apontamentos de diversos segmentos presentes. Também atuou como facilitadora da oficina a jornalista Fernanda Veloso.
Um exemplo foi a abordagem da representante da empresa Biofix, a antropóloga Sofia Scartezini, que se posicionou algumas vezes durante a oficina, fazendo questão de alertar sobre a importância dos povos indígenas resguardarem a proteção de seus territórios, se atendo especificamente em ocasião de contratos a serem firmados. Dentre as dicas da especialista é que exijam intérpretes e observem as cláusulas que preveem a aplicação de multas.
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