Por Ester Dutra
A 11ª Feira Krahô de Sementes Tradicionais 2021 foi encerrada no domingo, 20, na Aldeia Cachoeira, na Terra Indígena Krahô, localizada entre os municípios de Itacajá e Goiatins. A nova edição do evento, que se iniciou na terça-feira, 15, foi possível ao auxílio da Lei Aldir Blanc, proposto pela Associação Awkere, aprovado pelo edital de apoio à cultura.
A programação, criada pelo povo Krahô em 1997, tem o intuito de estimular a preservação e propagação das sementes tradicionais. A iniciativa, que acontecia anualmente, nos últimos oito anos foi interrompida devido à morte de três indígenas durante umas das feiras em 2013.
Para o povo Krahô, o luto pode durar de um a oito anos. E assim aconteceu, devido ao acidente, a programação foi interrompida de 2013 a 2020.
De acordo com o cacique da Aldeia Manoel Alves, Odílio Pêhà Krahô, para retomar o projeto foi necessário apoio. ” A gente conversou com os mais velhos sobre a necessidade de retomar a feira e produzir mais sementes. Fizemos uma horta comunitária para pegar as sementes. E para realização da programação foi preciso recursos e espero que as pessoas continuem ajudando”, explicou.
Ainda segundo o cacique, o projeto tem a finalidade de agregar conhecimento sobre a cultura, buscando conservar e preservar os costumes indígenas. “Uma iniciativa muito importante para o povo Krahô, pois nos traz incentivo e mostra caminhos práticos que nos possibilitam continuar conservando nossas sementes tradicionais, sem precisarmos solicitar sementes externas a nossa terra”, ressaltou.
Para a cacique das mulheres da Aldeia Manoel Alves, Raquel Krahô, a feira já se tornou tradição e, além disso, colabora para a troca e diversificação das sementes: “Para nós a programação é muito importante, tanto que paramos por alguns anos, mas já estamos retornando. Aqui temos sementes de arroz, pimenta, abóbora e também tem artesanato, como colares, feitos com sementes olho de boi”, explicou.
Representando a Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa do Tocantins (Adetuc), a gerente de Fomento e Promoção da Cultura, Núbia Dourado, participou da feira. ” Foi um momento de diálogo com esse povo. Estar nessa roda, neste lugar, com essas pessoas é algo transformador. Viva as nossas culturas tradicionais, que elas atravessem muitas gerações, resistam e se fortaleçam”, afirmou.
Nas feiras é exposta a diversidade das sementes orgânicas, cultivadas em terras indígenas, que também são utilizadas para fazer artesanatos presentes na cultura indígena, como adereços, pulseiras e colares.

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